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Muito se tem falado, inclusive
nesta coluna, das movimentações da Nova Economia. Investimento e capital de
risco, ou falta deles, incubadoras de empresas, fusões, aquisições e parcerias.
Existe um factor comum a todas estas
situações: empreendedores à procura de capital para arranque ou consolidação do
seu negócio.
Gostava de abordar algumas das
formas normalmente usadas por quem procura o investimento necessário ao seu
empreendimento.
As fontes mais clássicas de investimento
são normalmente as que se encontram mais próximas de nós afectivamente, isto é,
a nossa família e os nossos amigos, que nos emprestam dinheiro, a maior parte
das vezes sem qualquer interesse particular, simplesmente por que acreditam em
nós (ou nem por isso ...), dinheiro ao qual juntamos as nossas economias,
amealhadas ao sabor dos nossos sonhos.
Só que muitas vezes, o dinheiro não
é o único obstáculo da nossa epopeia. Não raras vezes, negócios de fortes
perspectivas sucumbem devido à inexperiência dos seus promotores, quer no
estudo da envolvente do negócio quer nos aspectos burocráticos do arranque da
empresa.
É aqui que surgem as incubadoras de
empresas, que têm assumido protagonismo nos últimos tempos devido ao
aparecimento de inúmeras empresas da Nova Economia. Estas instituições, apoiam
os novos empreendedores nos meandros burocráticos e permitem um arranque mais
suave das novas empresas colocando ao dispor dos novos empresários, durante
algum tempo, instalações e apoio administrativo e logístico. Algumas
incubadoras participam no capital social das empresas, embora de forma
residual.
Nalgumas situações, é possível
encontrar uma pessoa - business angel - com capacidade de investimento que se
interessa pelo nosso projecto e que está disposto a apostar algum dinheiro.
Dessa pessoa podemos esperar algum apoio em termos de gestão ou conhecimento do
negócio.
Em alguns projectos, sobretudo
quando já assumem alguma dimensão ou quando abordam algum aspecto inovador, é
possível despertar o interesse de empresas ou grupos económicos que adquirem
uma participação social maioritária, injectando o capital necessário à
consolidação do negócio, mas assumindo em contrapartida o controlo da sua
gestão. É usual serem estes investidores a designar as pessoas que passam a
dirigir as empresas participadas, colocando nos lugares cimeiros alguém da sua
confiança.
Mas em que é que este novo modelo
difere do dos grupos constituidos ultimamente à volta das empresas da economia
digital, como seja os casos da Sonae.com, Cofina.com ou Media Capital?
Para tentarmos perceber este novo
modelo tomemos o exemplo da Capnet - Capital Network, SGPS, holding que adopta
esta nova filosofia de ecossistema empresarial.
A essência deste novo modelo reside
no facto da Capnet, entidade investidora, deter participações minoritárias,
entre 35 e 40%, constituindo-se assim e apenas como um investidor de
referência. O grande trunfo deste modelo de organização está no facto das
empresas participadas manterem a sua autonomia e continuarem a ser dirigidas
pelos empreendedores que lhes deram vida e que são a alma do negócio. Para além
de capital, estas empresas passam a ser suportadas pelo investidor de
referência e a fazer parte da rede de empresas participadas. Como corolário
desta estratégia, estas empresas participam, elas próprias, no capital da
empresa-mãe, a Capnet.
Este modelo de gestão de
participações da Capnet permite capitalizar as sinergias produzidas por todas
as empresas da rede, articulando a economia digital com a economia clássica e
criando a força de grupo, tão necessária em diversas situações como sejam a
abordagem a clientes e a participação em concursos de fornecimento. Da holding
fazem parte empresas de Internet, e-business e conteúdos, bem como de formação,
consultoria, marketing, infra-estruturas e logística. A Capnet fica, assim, em
condições de prestar um serviço global.
É possível, deste modo,
rentabilizar a capacidade de iniciativa ou empreendimento de cada uma das
empresas participadas, preocupando-se a holding com a visão estratégica e de
organização entre elas.
A médio prazo, algumas das maiores
empresas ou sub-holdings da rede serão admitidas no novo mercado a ser criado
na Bolsa, destinado a empresas de segmentos inovadores e de grande potencial de
crescimento. A própria Capnet deverá estar cotada neste mercado.
Esta nova filosofia empresarial
traz amplas vantagens para ambas as partes.
Para o empresário carente de
capital, o seu problema fica resolvido sem perder o controlo da sua empresa,
para além de obter apoio ao nível de gestão e evolução estratégica do negócio.
Além disso, tem ao seu dispor um primeiro contacto com a Bolsa, através da sua
participação no capital da Capnet, normalmente só possível a empresas com dimensão.
Para os detentores do capital,
neste caso a Capnet e os seus accionistas, o investimento tem um risco reduzido
devido ao grande leque de empresas participadas e consequente diversificação,
constituindo um bom negócio devido à perspectiva de retornos elevados aos
accionistas.
Director Geral da Globalmedia
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